Sim querido educador. Para inovar basta querer. Eu sei que há muita dificuldade por parte de alguns. Falta estrutura, apoio, conhecimento. Mas, de alguma forma, precisamos tentar.
Eu participo de alguns grupos do WhatsApp relacionados a educação. É tanta coisa boa compartilhada que acabo encontrando um pouco de dificuldade para acompanhar. Hoje (dia em que escrevo essa postagem), por sorte conseguir dar atenção a uma postagem feita em um desses grupos e achei que seria bem interessante compartilhá-la com vocês também. Segue a postagem:
Bom dia para tod@s!
Recebi este texto e achei bem legal a iniciativa deste professor da Rede Municipal de Educação de Maricá, Rio de Janeira. Vale a leitura.
[07:59, 03/09/2019] +55 11 99983-3849: Contar uma parada vcs q eu fiz semana passada: é loucura, aviso logo. Mas foi pra ver qual é. Os meus alunos fizeram prova e podiam escolher 1 questao que tivessem duvida pra ligar pra alguém da família de forma q a família ajudasse a fazer. Passei autorização antes e aí eu sabia pra quem eu podia ligar sem atrapalhar a rotina de ninguém.Foi muito frenético pq foi semana de provas na escola e eu tava com 3 turmas em paralelo fazendo minha prova. Eu literalmente corria nos corredores rs. Mas é isso, eu precisava arriscar essa estratégia. Na hora de ligar pras famílias eu falava que era tipo o programa “Quem quer ser um milionário?” só que sem o “milionário” kkk. Eu ligava do celular do estudante, deixava no viva voz, me apresentava e lia a questão, a qual tinha 3 minutos pra ser respondida. O clima das conversas que tive foi agradável e não, o principal objetivo não era que as famílias soubessem responder. Era estimular o processo de participação da família no processo avaliativo e me aproximar do contexto familiar. E, consequentemente, aproximar esse contexto do meu trabalho.
Cara, “trocentas mil” evidências científicas apontam que estratégias familiares de escolarização fazem diferença nos desempenhos e já é sabido que as famílias de camadas populares não são inertes ao processo de formação escolar dos jovens. Ao mesmo tempo, as escolas têm papel fundamental nas estratégias de envolvimento familiar pq as famíias conduzem suas ações, também, com base nas percepções que constroem sobre as escolas, desde estratégias de acesso, passando pela permanência e até os momentos de transição escolar. Contribuí um pouquinho com essa informação na minha pesquisa de Mestrado e continuo pesquisando diretamente e indiretamente essa temática no Doutorado.
Sabe o que rolou no dia que fiz isso? Muita coisa e muita coisa não prevista hahahaha
Até a inspeção da escola, que ajudou muito na administração do caos, participou do processo e se engajou com as questões. Virou um jogo! Essa era a proposta!
Então, cara, sem floreio, não foi perfeito não. Não consegui atender a todo mundo. Foi correria. E nem comentei que os alunos tbm podiam eliminar duas alternativas erradas em uma questao e tbm tinham ajuda dos universitarios (no caso, eu rsrs).
Mas sabe o que me fez achar que funcionou? A receptividade das pessoas para quem liguei e a alegria dos alunos com essa possibilidade. Sei lá, talvez deu alguma segurança simbólica.
E o resultado mais marcante foi:
“Professor, meu pai me cobra muito e quando o senhor disse que faria isso e eu entreguei a autorização pra ele, ele abriu o livro e disse que estaria esperando minha ligação na hora da prova. Disse pra eu dar o meu melhor e que ele estaria comigo.”
Cobrança precisa vir junto do apoio. E o apoio vem primeiro.
Obrigado a todo mundo da escola que embarca nessas doideiras comigo, sério mesmo ❤
EDIT: a escola é pública, da Rede Municipal de Educação de Maricá, Rio de Janeiro.
Achei sensacional a ideia e iniciativa desse professor. Foi uma ideia simples, mas com um super engajamento da família, que é o que está faltando e muito. Se você que está lendo é o dono desse depoimento, por favor se manifeste!
Por mais professores com esse tipo de iniciativa. A educação agradece :)